quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Lothlöryen: “Não podemos ficar presos a rótulos ou estilos”

A banda brasileira de folk metal Lothlöryen finalizou recentemente ”Raving Souls Society” seu terceito álbum de estúdio previsto para ser lançado no mês de março, via Shinigami Records.

O grupo mineiro formado em 2002, teve sua primeira demo “Thousand Ways to the Same Land” lancada em 2003, seguida então pelos álbuns “…of Bards and Madmen” 2005 e “Some Ways Back no More” 2008. Atualmente formada por Daniel Felipe (vocal), Leko Soares (guitarra), Tim Alan (Guitarra), Marcelo Godde (baixo), Marcelo Benelli (bateria) e Leo Godde (teclados e sintetizadores) a banda se prepara para sua primeira turnê internacional começando pela Europa ainda esse ano.

Em entrevista ao Metal Revolution, o guitarrista Leko Soares e o vocalista Daniel Felipe, falam sobre o novo álbum, a atual fase da banda e os preparativos para a turnê.

Por Juliana Lorencini

Metal Revolution: Raving Souls Society é o mais recente trabalho da banda ainda a ser lançado. Como foi o processo de composição e gravação?

Leko Soares: Foi com toda certeza o álbum mais demorado que já produzimos. As composições para o álbum começaram no início de 2010 e se estenderam por todo o ano. Em seguida, passamos um ano em estúdio (dezembro de 2010 a dezembro de 2011) produzindo o álbum. As letras e linhas de vocal foram todas compostas em 2011, enquanto a parte instrumental do álbum era gravada no Casanegra Studios, em São Paulo.
Daniel Felipe:
O álbum é o primeiro da Lothlöryen em que participo e ter feito parte da composição das letras e das linhas de vocal foi importante pra poder assimilar melhor o perfil da banda e também deixar a cara que eu queria introduzir pra sonoridade.

MR: Quais os principais temas escolhidos para esse novo album?

Daniel Felipe: A banda resolveu abordar algo inerente ao ser-humano: a loucura. Flertar com a insanidade foi nossa forma de retratar como é importante que as pessoas convivam com suas pequenas loucuras, saibam confrontar a si mesmas e discernir como trilhar um modo de vida mais feliz. Afinal, diversos personagens históricos, alguns retratados nas nossas músicas, deixaram sua marca na História, positiva ou negativamente justamente por terem ou não o controle sobre suas insanidades.

MR: Apesar da banda ser intitulada como folk metal, vocês trazem muitos outros elementos nas composições que vão além do folk. Quais são os que mais se destacam? E de onde vêm a inspiração para a composição das músicas da Lothlöryen?

Leko Soares: De fato, acredito que a sonoridade atual do Lothlöryen vai bem além do Folk Metal. Com certeza, os elementos folk estão presentes ao longo de toda a nossa discografia e estarão sempre, em maior ou menor quantidade. Porém, a ideia da banda sempre foi buscar uma identidade própria e para isso, não podemos ficar presos a rótulos ou estilos. No novo cd, você encontrará influências das mais variadas que vão desde o Death Metal Melódico atual até o Hard Rock dos anos 80, passando pelo Folk e o Power Metal. A vantagem de estar em uma banda underground é que podemos ousar sem sentirmos o medo que as bandas mainstream devem passar a cada vez que sentam para compor material novo.

MR: No mês de janeiro vocês realizaram a primeira audição do novo trabalho. Como foi a recepção do mesmo pelo público? E qual a expectativa de vocês em relação a esse novo lançamento?

Daniel Felipe: Pra mim isso é importante responder, já que, além da recepção quanto ao som da banda – que tem sido calorosa e sensacional –, há também a expectativa sobre como ser recebido pelos fãs como um novo integrante.
E isso foi muito legal. As pessoas – eu incluso – gostam muito do Leonaldo e ele tem um timbre diferenciado.
Então, saber que seu estilo se encaixou bem na banda e teve boa recepção pelos fãs é algo bom demais.
Com isso, nossa expectativa é que a boa receptividade entre os fãs e a mídia especializada resulte no sucesso esperado para as metas desse álbum, a cravar nosso nome definitivamente como parte importante da cena nacional.

MR: Esta é a primeira vez que a banda fará uma turnê internacional, começando com alguns shows esse mês na Europa. Qual a expectativa de vocês para esses shows?

Leko Soares: Na verdade, a tour que seria em fevereiro teve que ser postergada para o segundo semestre. O motivo é que não terminamos o álbum em tempo hábil para levarmos na viagem. Dessa forma, teríamos uma tour infrutífera, sem material para divulgação. Posta essa situação, conversamos com nossa agência e chegamos à conclusão óbvia que a turnê deveria ser adiada para o segundo semestre. Em breve anunciaremos novidades e as novas datas da tour.
Daniel Felipe
: De qualquer forma, temos uma expectativa muito boa, não só quanto aos shows no exterior, como os daqui, onde a galera tem agitado demais e curtido nosso som!

MR: Vocês preparam um set list especial para essa apresentações?

Leko Soares: Estamos preparando um novo set list com a inclusão de mais músicas do novo álbum. Deveremos estrear o set list no reinício da Raving Souls Tour que ocorrerá entre fins de março e início de abril.
Daniel Felipe
: Todo set list é especial, né?
A gente pensa em como mexer com a galera, que músicas colocar em que momento do show e também tocar o que a galera tem preferido ouvir em nossos canais.

MR: Atualmente o folk metal tem ganhado grande visibilidade, e com isso cada vez vemos mais bandas internacionais do estilo tocando no Brasil. Vocês acreditam que esse efeito possa ser inverso e levar as bandas de folk metal nacionais a turnês internacionais?

Leko Soares: Sim, acho totalmente possível. O que falta para as bandas nacionais é somente uma divulgação melhor no exterior, porque potencial existe de sobra na nossa cena. Cada ano que passa, mais e mais bandas nacionais tem ido para a Europa e algumas delas tem merecidamente se firmado por lá. Acho que na verdade o maior problema é que não existe muito investimento de terceiros no nosso underground e no fim das contas sempre cabe às próprias bandas buscarem os recursos e os meios para realizar uma divulgação mais incisiva, seja no exterior ou aqui.
Daniel Felipe
: Temos que considerar, ainda, que o público nacional é muito vasto. Devemos ter em mente que muitas bandas de fora não costumam tocar, em suas terras, para públicos tão grandes como conseguem reunir aqui no País. Então, tem espaço para todos e sempre mais, aqui e fora.
Quanto mais bandas houver, mais fãs haverá para todos! Trata-se de um crescimento de todo o cenário e isso também guarda relação com o maior poder aquisitivo que a gente tem apresentado, felizmente.

MR: A banda entrou este ano para o cast da Shinigami Records, que acredito representar um passo muito importante para a banda, compor o cast de uma grande gravadora. Como vocês vêm essa parceria com a Shinigami Records?

Daniel Felipe: Sensacional. As bandas têm vivido um momento em que as gravadoras simplesmente conferem seus selos a um trabalho pré-selecionado, a custo do próprio artista, que deve investir em prensagem, divulgação e ainda ver, nos contratos, as gravadoras como produtoras, o que dará a elas direito sobre pagamentos provenientes do ECAD, entre outros rendimentos.
Esse era um cenário nefasto.
A Shinigami se apresenta como um parceiro, um sócio da empreitada e isso faz todo o diferencial, que se sente desde o primeiro contato até a prestação do trabalho de ambos.
O profissionalismo e a motivação que eles apresentam são um diferencial incomparável e estamos otimistas pra render tudo o que nós e eles esperamos.

MR: Como vocês vêm a atual cena heavy metal nacional, após tanta polêmica gerada recentemente sobre o assunto?

Leko Soares: No meu ponto de vista há várias maneiras de teorizar sobre a nossa cena e acho que é por isso que todas essas opiniões têm gerado tanta polêmica. Eu vejo a cena Underground nacional como um grande paradoxo em que de um lado se encontram bandas preparadas e excelentes, em todas as vertentes e de outro lado vejo que ainda impera o amadorismo da maioria dos promotores de eventos, gravadoras, assessorias e outros abutres do metal que só pensam em sugar o que puderem e não dão a mínima para as bandas nacionais. O público, quando é convocado, comparece e apoia, isso é fato. Acabamos de lotar uma casa de shows com divulgação somente pelo facebook. O que falta é mais gente interessada em ajudar as bandas e menos gente interessada em lucrar às custas delas.

MR: Mesmo com a utilização da internet para divulgação do material das bandas independentes, vocês acham que sem a ajuda de uma boa gravadora, muitas dessas bandas estarão sempre presas ao underground nacional?

Daniel Felipe: Não penso que uma gravadora de renome seja indispensável ao sucesso.
Uma banda de metal nunca deve deixar sua cara underground, que é justamente o lado metaleiro da coisa.
O próprio heavy metal é de uma origem rebelde/inteligente e isso é completamente underground.
Não existe uma gravadora/super-herói, que vai investir fortunas em um produto do nada.
Tudo é fruto de um trabalho direcionado e de músicas legais.
Com esses requisitos, a ideia é incursionar cada vez mais em um grupo maior de ouvintes, independentemente se ele é underground ou não. Queremos é cada vez mais alcançar pessoas, tocar seus sentimentos de alguma forma e fazê-los curtir nosso som com a gente.

MR: Muito obrigada pela entrevista e eu deixo o espaço em aberto para uma mensagem da banda.

Daniel Felipe: Galera, os bardos malucos estão de volta e com mais ânimo ainda, ouçam nosso som, surpreendam-se e venham bater cabeça ”conóis”!!!!
Leko Soares:
Ao ler essa entrevista, com certeza o álbum já estará disponível para venda diretamente em nosso site. Fique a vontade para conhecer nosso site, ouvir nosso novo single e os teasers do novo trabalho. Folk you!!! - www.lothloryen.com

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Contato: lothloryen.oficial@gmail.com / metallothloryen@yahoo.com.br
Shinigami Records: www.shinigamirecords.com.br

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