terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Shadowside: “todos nós temos um pouco de insano dentro de nós, e isso é perfeitamente normal. “

Por Rodrigo Gonçalves e Juliana Lorencini. Fotos retiradas da página do Facebook da banda.





Em 2006, fui pela primeira vez em um show do Helloween e lembro de ter ficado mais impressionado com a banda de abertura do que com a principal. A SHADOWSIDE, na época divulgando o seu primeiro trabalho, fez um ótimo show e conquistou a atenção deste escriba. De lá pra cá, muita coisa aconteceu. A banda excursionou o mundo, tocou ao lado de alguns de seus ídolos como IRON MAIDEN e WASP e lançou dois discos de estúdio, o último deles o excelente “Inner Monster Out”.
Em bate-papo com a equipe do Rocks Off, a vocalista Dani Nolden e o baterista Fábio Buitvidas falaram sobre o sucesso que a banda tem alcançado mundo afora, sobre as expectativas com relação a turnê com o Gamma Ray e Helloween, sobre as gravações do disco “Inner Monster Out” e vários outros assuntos.

Rocks Off – Vocês ficaram em primeiro lugar em diversas rádios nos EUA recentemente com o novo single à frente de nomes conhecidos como Nightwish, Evanescence e Lamb of God. Este ano também fez um grande sucesso no Japão. Ter esse tipo de exposição aqui no Brasil é imaginável. Esse fato os deixa tristes ou apenas com mais vontade de fazer seu trabalho ser reconhecido nacionalmente?

Fabio Buitvidas: Existe aquele estigma de que para fazer sucesso aqui tem que fazer sucesso lá fora… isso parecia ser regra antigamente. Mas nós temos uma incrível base de fãs no Brasil, nossos álbuns vendem muito bem aqui, mas não há um chart especializado como nos Estados Unidos, lá é uma indústria profissional, aqui ainda é uma coisa muito underground, talvez seja sempre assim… isso não quer dizer que é bom ou ruim, é uma característica do mercado nacional. Nós sofremos um pouco no início com comentários negativos de pessoas que sequer conheciam a banda, sequer haviam ido a um show ou escutado uma música. Nós ganhamos nossos fãs principalmente pelo show ao vivo… ainda tem gente que pensa que a Shadowside é uma cópia de Nightwish ou essas bandas com vocais líricos só porque temos uma menina cantando. As pessoas comentam, sem ao menos ter escutado. A Dani tem um vocal forte, poderoso, que foge completamente desse fato. Hoje vejo bandas começando e é a mesma coisa, comentários maldosos, críticas nada construtivas…. ninguém é obrigado a gostar de algo mas não é por isso que você tem que denegrir… eu não gosto de centenas de bandas de Heavy Metal, mas não comento sobre isso porque o que importa? se não gosto apenas não ouço…todos têm o direito de ouvir e gostar do que querem. Acho que há muita gente com inveja, não de nós, mas de qualquer banda… veja o Sepultura… até eles são demonizados por certas pessoas… o mínimo que se espera é respeito. Ocorre que uma banda precisa de tempo para amadurecer, evoluir…se você ouvir o primeiro EP do Shadowside e comprar com o Inner Monster Out vai perceber o que estou dizendo. Certamente temos bandas aqui fantásticas, produções excelentes, músicos de gabarito e hoje há um mercado enorme para as bandas daqui, no Brasil e no exterior. Nossos shows estão sempre cheios, o público curte, compra o CD, apoia… não tenho motivo algum para ficar triste nesse estágio em que estamos, porque sabemos que temos de continuar trabalhando, nos aprimorando, o reconhecimento virá se você tiver qualidade.
Rocks Off – Creio que mudanças de formação sejam momentos tão ruins para a banda quanto são para os fãs. O que motivou a troca de baixista?
Dani Nolden: O Ricardo já era produtor musical antes de entrar na Shadowside. Ele teve uma boa oportunidade para trabalhar nessa área na Itália e é claro que ele tinha que aceitar, nós entendemos e cogitamos continuar com ele na banda mesmo assim. Esse era o plano, porém percebemos que ficaria inviável trazê-lo para todos os shows no Brasil, e não queríamos tocar com um baixista substituto aqui e com o músico oficial apenas na Europa. Ficamos tristes pela mudança, mas já fizemos vários shows com o Fabio Carito e ele está perfeitamente adaptado à banda e já está bem “vacinado”.
Rocks Off – Em 10 anos de carreira que incluem varias turnês internacionais, pela primeira vez a banda vai tocar no Nordeste do Brasil. Qual a expectativa de vocês para esses shows? E por que vocês acreditam que tenha demorado tanto para que isso acontecesse?
Fabio Buitvidas: A expectativa é de shows arrebatadores, sabemos como o público do Norte e Nordeste, na verdade de todo o Brasil, é especial. A demora é porque você precisa organizar uma rota que não seja muito onerosa para os produtores já que o país tem dimensões continentais e sabemos o quanto custa caro se locomover aqui. Desta vez tudo deu certo, havia demanda, as datas coincidiram e aqui estamos!
Dani Nolden: Nós estamos muito ansiosos! Todos nós sempre quisemos tocar no Norte e Nordeste, a galera da região foi uma das primeiras a apoiar a banda e há muito tempo nós tentávamos organizar uma turnê desse tipo. Era fundamental que fosse algo nesses moldes, com várias datas, é claro que nós faríamos mesmo se fosse um único show, porém esse tipo de coisa torna o evento inviável para os produtores locais. Agora finalmente, depois de muito planejamento, conseguimos fazer acontecer e o público pode esperar uma banda que se entrega completamente no palco!
Rocks Off – Falando em shows, vocês acabaram de anunciar que farão uma extensa turnê pela Europa ao lado das bandas Gamma Ray e Helloween. Gostaria que você falasse um pouco da alegria do grupo com esse anuncio e das expectativas de vocês para os shows.
Fabio Buitvidas: Nós temos muita sorte porque já tocamos ao lado de grandes nomes como Iron Maiden, Helloween, WASP, Nightwish, entre outros, e certamente é uma alegria dividir o palco com bandas como Helloween e Gamma Ray por tudo o que elas representam, pela experiência que você adquire com isso e pela exposição gigantesca que você tem. Nossa expectativa é sempre a melhor possível.
Dani Nolden: Eu não tenho dúvidas que será uma experiência fantástica, especialmente porque já fizemos alguns shows com o Helloween em 2006, temos amigos e conhecidos na banda, pessoas que sempre nos trataram com muito respeito, mesmo na época que éramos um bando de moleques apresentando o álbum de estreia, com pouquíssimo tempo de estrada nas costas. Eu sou muito grata a todos do Helloween, ainda mais agora por mais essa oportunidade. Tocaremos em vários países onde já tivemos a oportunidade de visitar na turnê de 2010, obviamente agora para um público ainda maior, porém também iremos a vários territórios novos e estamos muito animados!
Rocks Off – Durante o show do The Agonist, a Shadowside acabou chamando mais atenção do que a banda principal, algo que foi amplamente comentado na imprensa de São Paulo. Você acha que ainda é algo favorável atuar como banda de abertura ou já está na hora de passar a ser a atração principal?
Fabio Buitvidas: Parte do público presente naquele show ainda não havia visto o Shadowside ao vivo e nós sempre tocamos como se não houvesse amanhã… seja para uma pessoa ou milhares… isso faz diferença e o público percebe… assim conquistamos novos fãs.  Banda de abertura ou atração principal, pra mim, isso não importa…o que vale é você tocar sua música e conquistar o público.
Dani Nolden: Nós não costumamos fazer distinção entre banda de abertura ou banda principal, sinceramente. Não vemos demérito em ser a “banda de abertura”, assim como temos respeito por todas as bandas que abrem para nós… eles estão acrescentando algo ao espetáculo. Nós só queremos tocar. A única coisa legal de ser a banda principal é que podemos tocar por mais tempo e isso pode ser algo que os fãs estejam sentindo falta em cidades como São Paulo, onde não tocamos como banda principal já há bastante tempo. Porém, na capital, tantos shows estão acontecendo ao mesmo tempo, fica difícil sequer achar uma boa data para fazermos um show e aquela era uma data que tínhamos disponível, então pensamos que um evento com The Agonist e Shadowside seria algo mais interessante para os fãs que obrigá-los a escolher entre uma ou outra banda. Felizmente o pessoal da produtora Dark Dimensions tem os olhos abertos para este aspecto e nos abriu esta oportunidade. Acho que se mais bandas se unissem dessa forma e não se preocupassem com quem abre e quem fecha o show, a cena estaria bem mais movimentada.
Rocks Off – Falando sobre shows de abertura, ano passado vocês tiveram a chance de abrir o show do Iron Maiden no Rio de Janeiro e fizeram um excelente trabalho. Uma pena que por conta dos problemas com a organização vocês não tenham tido um público maior. Ficou alguma frustração pelos problemas daquele dia que levaram a banda inglesa a cancelar o show já que no dia seguinte vocês não puderam se apresentar?
Fabio Buitvidas: De maneira alguma, o público foi fantástico, a equipe do Maiden foi fantástica.. ter o Adrian Smith e o Rod Smallwood assistindo ao seu show no palco não tem preço… não temos do que reclamar, o que aconteceu foi um acidente provocado por uma barreira inadequada, graças a Deus que não houve feridos porque poderia ter sido muito grave… o Maiden fez o correto em adiar o show, por pior que seja isso nunca é pior do que a morte de alguém então temos que entender e agradecer por nada mais grave ter acontecido. Claro, foi uma falha mas você não pode contornar uma falha com outra.
Com relação ao público foi outra falha de organização para a entrada… o pessoal do Maiden não deixou que tocássemos no nosso horário porque as pessoas estavam começando a entrar… eu lembro do Michael Kenney chegando pra mim e dizendo, “vamos atrasar o show de vocês pra deixar entrar o público, não se preocupem que tudo vai dar certo e vocês vão fazer seu set completo”. Com uma equipe destas, tocando no mesmo palco que o Maiden não tem como ficar triste com algo…. sem contar que eu quase derrubei o Bruce do palco quando estava subindo com meu bumbo…ele estava descendo e eu não o vi… dei um chega prá lá nele que saiu resmungando (risos).
Mas tinha muita gente assistindo ao nosso show. No final da apresentação lembro da casa cheia, a galera aplaudindo.. não sei de onde tiram essa ideia de que a casa estava “vazia”.
Dani Nolden: Nós não tivemos qualquer motivo pra frustração, eu fiquei triste apenas pelo público, pois muita gente veio de fora do Rio de Janeiro e não teve a oportunidade de ver o Iron Maiden, pois tinham que voltar pra casa. É claro que isso é melhor que um acidente mais grave, mas aquela situação com a barreira simplesmente não poderia ter acontecido. Em um show desse porte, a organização não pode economizar em segurança. Eu achei a atitude do Bruce extremamente elegante, subindo ao palco pessoalmente para explicar algo que não era culpa de ninguém da equipe do Iron Maiden.

Rocks Off – Em bons anos de carreira, vocês lançaram três discos. Isso acontece porque vocês têm tentado se firmar tocando ao vivo ou porque é difícil para uma banda de heavy metal conseguir gravar com freqüência?
Dani Nolden: É um pouco dos dois, porém também temos que considerar que o primeiro álbum da Shadowside só foi lançado em 2005. Nós passamos três anos com o Theatre of Shadows praticamente pronto, porém não podíamos terminá-lo por causa da gravadora que havia parado de pagar os custos da gravação. Quando eles finalmente nos liberaram do contrato, nós não tínhamos como pagar a dívida que eles haviam deixado no estúdio. Ganhamos a mixagem de graça do dono do estúdio, apenas porque ele queria nos ajudar e sabia que não teríamos como lançar o álbum sem esse empurrãozinho. Então lançamos o álbum em 2005 no Brasil e em 2007, quando estávamos preparado o Dare to Dream, tivemos a oportunidade de lançar o Theatre of Shadows no exterior, o que nos levou para a primeira turnê internacional e acabou forçando o adiamento do Dare to Dream para 2009, pois precisávamos trabalhar o Theatre of Shadows no exterior antes de lançar material novo. Portanto, desde que começamos a lançar material mundialmente, temos lançado a cada 2 anos, o que eu considero um período razoável. Conseguimos compor e gravar com calma, divulgar e tocar bastante ao vivo, com tempo suficiente para colher os resultados do álbum, que é o que tornam possível que um novo álbum seja feito. Como lançamos o Inner Monster Out em 2011 no Brasil e 2012 no exterior, e terminaremos a turnê em 2013, imagino que em 2014 estaremos lançando mais alguma coisa. Mas não é algo marcado e definitivo… deixamos o processo de composição acontecer de forma bem natural e quando acharmos que o que fizemos está legal, então vamos gravar. A gravação é rápida, mas nós gostamos de analisar e amadurecer as músicas durante vários meses. Antes de fazermos a turnê de 2010, promovendo o Dare to Dream, nós já tínhamos o Inner Monster Out praticamente pronto. Levamos as demos para a turnê e passamos a excursão inteira ouvindo, analisando, decidindo o que gostávamos e o que achávamos que não estava bom o suficiente. Isso funcionou muito bem para nós, então penso que voltaremos a trabalhar dessa forma, pois é a primeira vez que terminamos um álbum sem arrependimentos (risos).
Rocks Off – Sabemos das dificuldades que as bandas enfrentam hoje em dia (principalmente financeiras), ainda mais no Brasil, onde o heavy metal não tem apelo da grande mídia, apesar de vocês estarem em evidência sempre em todos os tipos de meio de comunicação. Por isso gostaria de perguntar: é possível viver de música no país se não fizer parte do mainstream?
Dani Nolden: Sim, é possível. Não necessariamente apenas da sua banda, mas é possível. Porém para viver do heavy metal, não se pode depender só do Brasil, mas enquanto você está construindo seu nome pelo mundo você pode dar aulas, tocar na noite, tem inúmeros trabalhos paralelos dentro da música. Todos vivemos de música na banda, não daria certo de outra forma. Não teríamos como avisar o chefe que vamos ficar fora do Brasil por 4, 5 meses para fazer turnê e depois gravar (risos). A banda está crescendo bastante, mas não dependemos somente dela financeiramente, Fabio é agente da Fafá de Belém, Raphael toca na noite, eu tenho meu trabalho com consultoria musical e estou estudando técnica vocal na Berklee para depois dar aulas… o que nós dá uma certa liberdade para fazermos o que tivermos vontade com a Shadowside. Claro que se não precisarmos fazer outra coisa além de tocar com a banda, vamos adorar… mas eu acho que teríamos que ficar ricos pra poder largar completamente sem riscos todas as nossas atividades paralelas. Uma banda é algo inconstante, hoje você tem um material excelente que vende muito bem, amanhã você pode não ser capaz de compor uma linha que preste e ninguém mais aparecer no seu show. É um risco, a menos que você venda milhões e milhões de cópias. Ser 100% músico é possível, mas tem que ter os pés no chão.
Rocks Off – “Inner Monster Out” é um trabalho extremamente pesado, com a guitarra e os vocais em bastante evidência. Você demonstra um grande controle sobre a sua voz, variando com extrema facilidade, de acordo com as nuances de cada música, de tons mais agressivos a mais suaves. Do ponto de vista do vocal, esse é um disco bastante variado e penso que não deve ter sido fácil atingir esse resultado final. Isso foi algo que você buscou antes de gravar o disco ou surgiu naturalmente?
Dani Nolden: Eu espero que eu não soe arrogante agora, mas sinceramente foi o álbum mais fácil de gravar de todos eles. Eu poderia dizer que foi a experiência, maturidade, melhora na minha técnica, o ar sueco, mas a realidade é tão mais simples que isso que é até bobo… eu estava dormindo no estúdio (risos). Foi uma gravação sem qualquer tipo de estresse, onde eu podia simplesmente acordar, tomar meu café da manhã e abrir a porta para chegar ao estúdio. Foi como gravar na minha própria casa. Nos álbuns anteriores, eu viajava diariamente de 3, 4 horas para ir e voltar do estúdio todos os dias, pois moro em Santos e estávamos gravando em São Paulo. Com o trânsito, apenas para chegar ao local da gravação levava quase 2 horas. Eu sempre tinha que acordar cedo, estava sempre cansada e isso faz uma diferença enorme na gravação. Eu não percebi isso até gravar o Inner Monster Out. Sim, é claro que a experiência conta, mas quando você está com a mente livre e corpo descansado, a sua voz responde melhor… muito melhor. Então eu tive a oportunidade de passar horas gravando, experimentando e explorando a minha própria voz. Foi um álbum muito agradável de ser gravado. Várias vezes, conversando com Fredrik, nosso produtor, ele dava uma sugestão e eu não sabia se era capaz de reproduzir a ideia ou não, porém o ambiente estava perfeito para que eu pudesse descobrir sem pressão. Não foi algo premeditado, eu apenas tentava cantar o que sentia que a música pedia. Realmente é o álbum mais desafiador tecnicamente, mas foi o único que eu realmente pude deixar minha voz ser o que ela é, e talvez por isso tudo tenha fluído naturalmente.
Rocks Off – Para uma banda brasileira ter a oportunidade de gravar fora do país, vivenciar um esquema mais profissional, num dos melhores estúdios e com um dos melhores produtores desse estilo de música é um diferencial? Por isso o disco demonstra um salto de qualidade tão grande?
Fabio Buitvidas: Sem dúvida. Muito ficam bravos quando falo isso porque acham que é desvalorizar o trabalho de quem está aqui, mas há uma enorme diferença. O estúdio em que gravamos era simples, não tinha nada de mais…havia 2 periféricos apenas… um pré e um compressor mas a sala onde gravávamos tinha um som absurdamente fantástico e a mão do Fredrik, nosso produtor, faz a diferença…não é a toa que ele é considerado um dos 3 grandes produtores de Heavy Metal e a ele é creditado o título de criador do Sweden Sound das bandas de Death Metal melódico. A abordagem é diferente, a percepção é diferente. Não há a menor dúvida de que chegamos a este resultado porque lá tivemos a condição de chegar onde queríamos, mas de nada adianta um local fantástico, um produtor excelente se você não tem confiança no seu trabalho e se não tem um bom material em mãos.
Dani Nolden: Eu acho que o fato de termos vivido o Inner Monster Out durante 24 horas por dia, 7 dias por semana, pelo período da gravação, fez uma grande diferença também. Fredrik foi o grande responsável pelo salto de qualidade da parte técnica, ele não teve trabalho algum para chegar ao som de bateria que o Fabio queria, ao som de guitarra que o Raphael queria, por exemplo. Na verdade, nem precisamos explicar muito, ele sabia exatamente o que fazer. Penso que o que fez a grande diferença foi estarmos completamente satisfeitos com o que havíamos composto e depois encontramos um produtor parceiro, que nos escutava, que respeitava a identidade da banda e que queria nos ajudar a sair de lá com o melhor álbum das nossas vidas, sem ter que compor por nós. Ele apenas tirava de nós a melhor performance que poderíamos oferecer e nos dizia honestamente quando o que fizemos estava bom ou não. Nós já havíamos trabalhado com outros produtores de nome, em estúdios ainda melhores que do Fredrik. Mas era um produtor que não entendia onde nós queríamos chegar. Uma das maiores diferenças entre ele e Fredrik é que com Dave, o que nós mais escutamos durante a gravação foi “too much”. Sempre que queríamos fazer algo mais extremo ou um pouco mais trabalhado, ele falava “too much”, porque ele tinha em mente algo mais comercial. Nós escutamos tanto isso que quando o Fabio estava gravando, ele fez uma virada, parou e perguntou ao Fredrik: “too much?” e Fredrik respondeu “yes… but I love it!” (risos) Ali deu pra perceber que finalmente havíamos encontrado alguém que permitiria que nós fossemos apenas nós mesmos. Para mim, mais importante que ter gravado no exterior ou com um produtor excelente, foi termos pela primeira vez ter conseguido fazer um álbum espontâneo, 100% como o queríamos e isso contribuiu para que ele fosse muito melhor, ao menos na nossa opinião, que nossos trabalhos anteriores.
Rocks Off – Liricamente, “Inner Monster Out” é um disco que aborda temas variados, com músicas que falam sobre desde o comportamento humano “Angel With Horns” a amor como “In The Name Of Love” (esta última de maneira não usual). Você poderia falar um pouco sobre o processo de composição e sobre o que a banda como um todo almejava em termos de letras?
Dani Nolden: Na verdade, In the Name of Love é uma música sobre violência doméstica, na visão de uma pessoa que não consegue se desligar do seu agressor. É a visão de uma pessoa que está sofrendo abusos e não sabe que merece algo melhor, então ele ou ela aceitam desculpas como “eu te bato porque te amo”. Às vezes a pessoa ficou nessa situação por tanto tempo que não sabe como sair, não sabe que pode sair, tem medo de sair. Eu abordei muitos temas meio obscuros, como uma forma curiosa de encarar a morte como em A Smile Upon Death, mas também escrevi sobre coisas mais corriqueiras, que todos nós experimentamos, como consciência pesada em I’m Your Mind e sobre fantasmas, amigos imaginários, esquizofrenia ou qualquer coisa que você acredite que exista ou te faça ver coisas que não existem, como em My Disrupted Reality. Essa música é uma das minhas favoritas e se trata de como a realidade para cada um de nós pode ser apenas um ponto de vista. Todo o álbum gira em torno da mente humana, a minha própria e a de pessoas próximas a mim. É como um diário de observações que mostra que todos nós temos um pouco de insano dentro de nós, e isso é perfeitamente normal.
Rocks Off – Passado um ano do lançamento de Inner Monster Out, qual a avaliação que vocês fazem do disco?
Fabio Buitividas: Desde que ouvi a pré-mix no estúdio, Inner Monster Out tornou-se um dos meus álbuns favoritos, no geral… ouço ele quase todos os dias… pra mim, excedeu todas as expectativas! Estou plenamente satisfeito, atingi meus objetivos de forma plena… não tenho uma reclamação que seja… para você ter uma idéia quando o Fredrik apareceu com a primeira mixagem ele perguntou da bateria e eu disse… “não mexa em nada!”. Na verdade, ele só aumentou um pouquinho da voz e não teve de mexer em mais nada… sabe quando você fica satisfeito com uma primeira mixagem? Eu te digo: nunca!!! Mas, para nós, já estava perfeita! Se você ouvir o copy monitor, que são só os volumes levantados sem critério ou processamento, você já fica assombrado com a qualidade.
Rocks Off – Talvez ainda seja cedo para perguntar, mas já existe alguma conversa ou ideias para um novo álbum ou o ciclo de “Inner Monster Out” ainda não foi encerrado? Existem planos para algum lançamento ao vivo?
Dani Nolden: Planos existem, mas queremos fazer algo realmente especial para os fãs, então não vamos apressar essa ideia, tudo ainda está em um estágio bem inicial. Não temos uma data certa para fazer acontecer. Talvez aconteça antes do próximo lançamento, mas não é algo certo pois ainda temos muito a pensar sobre o Inner Monster Out. Temos a turnê europeia, talvez uma norte-americana. Sempre gravamos tudo isso, então quando tivermos a oportunidade ideal para um show especial, perfeito para ser gravado para um lançamento ao vivo, certamente vamos aproveitar cenas do que estamos fazendo agora. Um álbum novo, porém, só deve acontecer em 2014. Já estamos pensando em ideias novas mas nada deve ser lançado antes disso.
Rocks Off – Muito obrigado pela entrevista. Por favor, deixem um recado aos fãs do Shadowside e aos leitores do Rocks Off.
Dani Nolden: Muito obrigada pelo apoio e espero que todos tenham gostado do Inner Monster Out! Vejo vocês em algum show batendo cabeça conosco… abraços a todos!
Fabio Buitvidas: Eu que agradeço pela entrevista e divulgar o nosso trabalho da melhor forma possivel! Nos vemos na estrada!


Formação atual

Dani Nolden – vocal
Fabio Buitvidas – bateria
Raphael Matos – guitarra
Fabio Carito – baixo

Discografia
2006 – Theater of Shadows
2009 – Dare To Dream
2011 – Inner Monster Out





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