terça-feira, 15 de janeiro de 2013

NervoChaos: “Não há espaço para modismos nessa banda.”


O NervoChaos sem dúvida foi uma das bandas brasileiras que mais se destacou, seja no Brasil ou no exterior. Após mais uma turnê internacional bem sucedida e uma série de shows pelo Brasil, o trabalho mais recente da banda, “To The Death” figurou entre os melhores lançamentos de 2012 em diversas listas da mídia especializada no Brasil.
O Rocks Off teve a oportunidade de conversar com o baterista Edu Lane, na entrevista, Edu comenta sobre o sucesso alcançado com “To The Death”,  as mudanças pelas quais a banda passou no último ano e os planos para 2013.
Por Juliana Lorencini

NervoChaos
RocksOff – “To The Death” é o mais recente álbum de estúdio do NervoChaos e foi lançado este ano.  Como tem sido a repercussão do novo trabalho por parte da mídia e dos fãs até o momento?
Edu - Tem sido excelente a repercussão do novo CD. Assinamos com a Cogumelo e pela primeira vez temos uma boa distribuição e estamos com um selo de peso. O CD será lançado nos EUA no dia 22.01 e nós continuamos trabalhando pesado para promover este novo trabalho. Ano passado (2012) fizemos 69 shows na turnê de divulgação do álbum, passando novamente pela Europa e pelo Brasil. Também conseguimos atingir, pela primeira vez, o Equador, México e a Colômbia. Vamos continuar com essa turnê durante este ano. As resenhas têm sido extremamente positivas pelo mundo todo e a aceitação por parte dos fãs também.
Rocks Off – Recentemente banda sofreu uma mudança no seu line-up, que foi a saída do vocalista Daniel. Então, vocês optaram por permanecer um quarteto e o guitarrista Guiller assumiu os vocais. O que os levou a tomar essa decisão ao invés de recrutar um novo vocalista para o NervoChaos?
Edu - Achamos mais interessante ficar como um quarteto, pois já estamos bem entrosados e como o Guiller já havia cantando em outros grupos que participou antes de entrar na banda, fazia muito mais sentido para nós optar por essa solução. Colocar alguém novo na banda significa encontrar alguém, conhecer essa pessoa e se entrosar; o que demanda bastante tempo e muitas vezes não funciona e acaba sendo uma perda de tempo. Toda mudança de formação é algo traumático e procurarmos evitar que isso aconteça, mas muitas vezes é necessário para o bom andamento das atividades da banda.
Rocks Off –  Quais foram as principais mudanças no processo de composição de vocês para o “To The Death” e de alguma forma a saída do Daniel influenciou nesse processo?
Edu - O Daniel não vinha mais se dedicando a banda e quando começamos a compor o material para “To The Death” ele nem participou de nada, então não houve qualquer influência por parte dele no novo CD. O processo de composição foi praticamente o mesmo de sempre, ou seja, nos reunimos e cada integrante traz as suas idéias, que são discutidas e lapidadas até chegarmos a um acordo do que é melhor para a banda.
Rocks Off -  Quando lançado em 2010  “Battalions of Hate”  teve uma grande repercussão, e chegou a ser considerado um dos melhores lançamentos do ano. Porém, a meu ver com “To The Death” vocês conseguiram superar todas as expectativas do público em relação ao que seria o álbum sucessor. Quais as principais diferenças que vocês enxergam entre os dois álbuns?
Edu - Muito obrigado. Nós trabalhamos duro no novo CD e realmente buscávamos superar o trabalho anterior. De fato, “Battalions of Hate” foi muito bem aceito, é um trabalho muito forte e que temos muito orgulho. Vejo que com “To The Death” conseguimos chegar ainda mais próximos da nossa sonoridade própria e é fácil perceber que a banda esta mais madura, mais focada e muito mais entrosada. “Battalions of Hate” foi praticamente todo composto por mim e o novo CD tem a participação da banda toda. Acho que essas são as principais diferenças de um álbum para o outro. Além do processo de gravação, que adotamos um formato inédito para nós e acredito que funcionou muito bem.
Rocks Off -  E qual o sentimento de vocês em relação ao novo cd?
Edu - Todos os CDs são muito especiais a sua maneira e marcam uma época, uma etapa/fase da banda. Tenho orgulho de todos os nossos lançamentos. O novo CD é muito especial por ter sido o mais próximo que chegamos da nossa sonoridade própria. Além disso, as participações especiais foram muito legais, a arte com Joe Petagno, o contrato com a Cogumelo… Estamos bastante satisfeitos com este novo trabalho e ainda estamos experimentando quais músicas funcionam melhor ao vivo. Creio que esse é o nosso melhor trabalho até o momento.
Rocks Off – “To The Death” conta com as participações especiais de Jão (Ratos de Porão), Zhema (Vulcano), Antônio (Korzus), Bolverk (Ragnarok), Ralph Santolla (Obituary/Deicide) e Morgan (Marduk). Como surgiu a ideia de juntar todos esses guitarristas? De que forma você chegou a esses nomes e como foi o processo de gravação com eles em especial?
Edu - Na verdade nós queríamos mais participações especiais neste CD. Convidamos várias pessoas, mas alguns não puderam participar por incompatibilidade de agenda, pois estavam em turnê ou em estúdio. Acabamos ficando com o Jão (RDP), o Zhema (Vulcano), o Antônio (Korzus), a Cherry (Hellsakura) e o Ralph (Deicide). Como no nosso 3o CD “Quarrel in Hell” convidamos diversos vocalistas para participar, resolvemos desta vez chamar guitarristas. Nós gravamos as músicas, escolhes aquelas que acreditamos se identificarem melhor com cada um dos convidados, enviamos a música para cada um deles, eles compuseram o solo, gravaram e nos mandaram de volta.
NervoChaos 2
Rocks Off –  Este ano você já fizeram uma turnê Europeia, passaram por alguns países na América do Sul e México. Como foram os shows os por lá? E qual o balanço final que vocês fazem para o ano de 2012?
Edu - A nova turnê “To The Death” começou no inicio de 2012 e conseguimos atingir alguns locais onde nunca havíamos passado antes. Foi muito bom poder ter contato com novas cenas (para o NERVOCHAOS) e esperamos poder voltar sempre e com frequência para esses locais. Todos os países por onde passamos fomos muito bem recebidos e a repercussão dos shows foi extremamente positiva. Fizemos a nossa terceira turnê pela Europa e estamos retornando para uma nova turnê Europeia agora em Abril ao lado do HEADHUNTER DC e do WAR-HEAD. Pelo Brasil foi a nossa melhor turnê até o momento. Foram 69 shows durante o ano de 2012. Em 2013 vamos dar continuidade a essa turnê e pretendemos fazer ainda mais shows do que no ano passado. Levaremos essa turnê até o fim do ano de 2013.
RocksOff – Existem planos para uma turnê norte-americana em breve?
Edu - Sim, existem planos e é um território onde nunca tivemos a oportunidade de excursionar. O nosso novo CD será lançado por lá agora no dia 22.01 e isso com certeza ajuda muito a concretização de uma turnê. Espero que 2013 seja o ano da nossa primeira turnê por lá.
Rocks Off – Atualmente  vocês continuam em turnê pelo Brasil, e a impressão que tenho é que a base de fãs da banda se torna cada vez maior e mais sólida. Como vocês sentem esse retorno do público?
Edu - É muito gratificante para nós isso. Os nossos fãs são a coisa mais importante para nós e isso é reflexo de muito trabalho e dedicação ao longo dos anos. Sempre acreditamos que uma banda se faz ao vivo e por isso somos uma banda estradeira. O aumento da base de fãs e o retorno positivo por parte deles é somente devido as constantes turnês que fazemos. Nossa ideia é ampliar isso para uma base mundial e é o que estamos procurando fazer, indo com mais frequência para Europa e para países da América Latina, mas jamais vamos esquecer ou deixar de lado o Brasil.
Rocks Off - O NervoChaos começou a carreira na metade da década de 1990 e nesses anos todos conseguiu fugir dos modismos que assolaram o heavy metal e se manteve fiel ao estilo e aos seus fãs. Manter a integridade artística é o caminho para sempre ter o respeito e o apoio dos fãs?

Edu - Nós acreditamos que sim. Primeiramente, nós fazemos somente o que gostamos, sem nos preocupar com esse ou aquele estilo musical. Sempre estamos procurando evoluir como banda e como músicos, mas sem deixar de ser fiel as nossas raízes e a nossa proposta inicial. A banda é totalmente idealista e não vamos mudar isso. Não há espaço para modismos nessa banda e acho que tudo isso reflete no resultado positivo que estamos obtendo.
Rocks Off – Cada vez mais bandas brasileiras conseguem fechar turnês internacionais e lançar seus álbuns na Europa e Estados Unidos. Vocês acreditam que o mercado internacional está se abrindo mais a bandas brasileiras?
Edu - Eu acredito que com a globalização e a internet as coisas realmente ficaram mais acessíveis para todos, não só os Brasileiros, mas para qualquer um, de qualquer lugar do mundo. É importante citar que qualquer um pode fazer turnê no exterior ou ter o seu material lançado por lá, mas nós acreditamos que só os que possuem originalidade, qualidade e são estradeiros é que vão permanecer, seja no mercado nacional ou no exterior. O tempo é o melhor juiz e irá dizer que veio para ficar. São muitos países, mas há somente um underground.
NervoChaos 3
Rocks Off –  No ano passado o NervoChaos completou 15 anos de carreira, a banda lançou o  ”Live Rituals”, cd que traz alguns registros de diversos shows da banda durante sua penultima turnê pela Europa, além de duas músicas de estúdio e dois covers do BrutalL Truth “Turn Face” e Sepultura “Funeral Rites”. Há planos para gravação de um DVD ao vivo?
Edu - Sim, durante o ano de 2012 nós captamos as imagens e filmamos alguns shows. Tudo isso fará parte do nosso primeiro DVD que pretendemos lançar ainda neste ano. É um passo importante para nós o lançamento do DVD. Também devemos começar a trabalhar em videoclipes, algo que nunca fizemos antes.
Rocks Off – No ano passado vocês tocaram pela primeira vez na Ásia, que por enquanto ainda segue como um mercado muito restrito tanto para bandas brasileiras como estrangeiras. No entanto este ano algumas outras bandas tem tocado por lá como é o caso Dark Funeral, e do Gorgoroth que já anunciou uma turnê asiática ainda este ano. Quais foram suas principais impressões durante a turnê?
Edu -  As impressões foram as melhores possíveis. É um mercado novo e com um grande potencial. A prova disso é que cada vez mais bandas tem aportado por lá. Há muito paixão pela música extrema e muita magia ‘no ar’. Acredito que cada vez mais a cena irá crescer e se solidificar por lá, sendo assim, com o tempo, mais acessível para todos.
Rocks Off –  Vocês acreditam que a Ásia pode se tornar ainda entrar na rota dos principais shows de metal?
Edu - Com certeza absoluta. O mercado asiático é muito forte e tem muito potencial. Tem crescido muito e bem rápido também. Os mercados na Europa e nos EUA me parecem um pouco saturados, além da crise econômica que assola esses territórios e por isso o crescimento tem sido muito forte na América Latina e na Ásia também.
Rocks Off – Atualmente parece que o Thrash Metal voltou a ganhar grande destaque no mercado mundial. Vocês concordam com isso? E como veem esse retorno do estilo ao mainstream?
Edu - É verdade, o Thrash Metal está em alta novamente. Eu acredito que tudo faz parte de um ciclo e a ‘moda’ vai e vem. São ciclos que vão e voltam, como tudo na vida. O Thrash Metal nunca morreu, assim como os demais estilos, mas há momento de baixa e depois momentos de alta. É um processo natural.
Rocks Off – Quais são os planos do NervoChaos para 2013?
Edu - Pretendemos continuar com a turnê este ano promovendo o novo CD. Além disso, o novo CD será lançado em formato de vinil. Também vamos lançar o nosso primeiro DVD e teremos o relançamento do primeiro CD “Pay Back Time”.
Rocks Off -  Muito obrigada pela entrevista e eu deixo o espaço aberto para que vocês deixem uma mensagem para os leitores do RocksOff.
Edu - Eu é que agradeço pela excelente entrevista, pelo espaço cedido e pelo apoio ao NERVOCHAOS. Para saber mais, visitem www.nervochaos.com.br

Entrevista realizada para o site Rocks Off e disponível em: http://www.rocksoff.com.br/nervochaos-nao-ha-espaco-para-modismos-nessa-banda/

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